Mais uma vez o café da outra xícara esfria
E de novo o vejo escorrendo vagarosamente pelo ralo da pia
Pela falta de costume, pois não era eu que apagava
De novo a luz do quarto permaneceu acesa
Ainda olho pra traz quando desço as escadas
Esperando ver a correria do atraso de todas as manhãs
Agora, ao invés de minhas reclamações da hora já avançada
Um silencio se faz ouvir tão profundo quanto um abismo
Já não puxo mais o pino da porta do carona
E nem digo que o cinto de segurança está ali pra ser usado
Já não viro à esquerda para o primeiro destino matinal
E só me resta ir à direita para a agora triste rotina diária
Não existe mais a espera do passar do dia
Pois não há mais motivos pra que ele termine
O sinal sonoro do fim do expediente decreta o retorno à dor
À solidão que me acompanha e me espera
A mesma escada sem ninguém ao topo
A mesma porta que agora sou eu quem destranca
A mesma sala outrora quente
Me espera fria, vazia, me gela a alma
Um lanche qualquer substitui o jantar antes divino
Mais um copo entre tantos que ali sujos estão ha dias
Um banho? Talvez. Pois o cansaço me assola
Tal qual a tristeza, me tira as forças
Deitado ha horas, espero o sono
Nem sei ao certo o horário em que ele veio
Amanhece e de novo um dia começa
E mais uma vez o café da outra xícara esfria
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