30 de agosto de 2012

Por enquanto


Não que eu não queira mais o que eu tinha
Nem que não me custa a mudança
Não que eu não dê valor ao passado
Nem que eu despreze nossa história

Não que não tenha força o sentimento que existiu
Nem que deixou completamente de existir
Seja por qualquer motivo for
Simplesmente não quero mais

Por enquanto, nada mais
Nada mais de dor
Nada mais de amor
Por enquanto, nada mais de nada


23 de agosto de 2012

Há tempos


Há tempos não vejo o céu tão bonito assim
Azul como as cristalinas águas do mar
Há tempos não sinto o sol forte sobre mim
Aquecendo-me e com sua luz intensa a brilhar

Há tempos não sinto o vento em meu rosto
Levando embora a tristeza e o que há de ruim
Há tempos o cair da chuva não toca meu corpo
Lavando a mágoa há muito entranhada em mim

Em meio a loucura do tempo
Perdi aos poucos o desejo de amar
Mas meu coração encontrou alento
Pois em seus braços agora posso estar

Abriu-me os olhos esse amor envolvente
Permitiu-me redescobrir a beleza da vida
Baniu a tristeza outrora presente
Trouxe a mim a felicidade infinita


18 de agosto de 2012

Lanternas

Um longo caminho percorro
E não há artifícios que o encurtem
Passo a passo sigo em frente
Na mente os motivos que um dia me fizeram partir
No coração os que me fizeram voltar
Sinto a dor da decisão errada
E a angustia da incerteza da aceitação
O arrependimento e o desejo do perdão
São as coisas que me conduzem
Levanto a cabeça e ao longe já consigo ver
As lanternas que iluminam a varanda
Por enquanto são apenas manchas amareladas
Aos poucos se tornam nítidas
Já posso ver a porta de entrada
A dúvida da acolhida é insuportável
Quase me faz volta a trás
Mas, passo a passo sigo em frente
Na mente as palavras que disse quando saí
No coração a imagem das lágrimas no rosto amado
Sinto a dor da decisão errada
A luz das lanternas cada vez mais nítidas
Já iluminam meus passos
Como o tempo iluminou minha decisão de voltar
Subo degrau por degrau a escada
As mãos trêmulas seguram o corrimão da varanda
E agora aqui estou diante de sua porta
Busco o que deixei pra trás
O botão da campainha recebe o toque incerto dos dedos
E então
A maçaneta da porta gira



9 de agosto de 2012

Com o passar do tempo


Vivemos a vida no dia a dia
Não percebendo o curso tomado por ela
As coisas acontecem e não as observamos
E o tempo vai se passando de pressa

Planos, paixões, desejos e anseios
Tudo que queremos, incessantemente buscamos
A cada realização um novo sonho
E o tempo de pressa vai se passando

Novos objetivos a cada conquista
Assim segue a vida sem satisfação
Seguimos sedentos para um incerto futuro
E o tempo tão rápido se passa então

Com o passar do tempo tudo também passa
Com o passar do tempo passamos a ver
Que não vale a pena não vivermos a vida
Que não vale a pena se não for pra viver


6 de agosto de 2012

Amigo


No frio me aqueces
Na chuva me abrigas
No sol me refrescas
No desânimo me animas

Se corro me acompanhas
Se canso me sustentas
Se estou só comigo estás
Mesmo longe da sua presença

Na dor me alentas
Na alegria sorri comigo
Se choro me consolas
És sempre o meu ombro amigo

Se preciso, nem me expresso
Pois percebes minha necessidade
Se errado me encontro
Não me negas sua amizade

Como retribuir o que me fazes?
Com que palavras me expressar?
Minha eterna gratidão
A ti sempre será


3 de agosto de 2012

À mão livre


Com traços errôneos e caligrafia falha
Rabisco o enredo de um romance irreal
Nas linhas tão certas da folha avulsa
Escrevo primeiro o tema ideal

As palavras surgem uma a uma
Transmitindo o que há em meu pensamento
A cada frase uma ideia se forma
Toma forma o meu sentimento

O uso da caneta impõe limitações
Não se pode apagar o que se escreveu
Assim como nos erros da vida
Não se pode mudar o que se viveu

Os traços são errôneos, feitos à mão livre
E por ser à mão livre erro muito a escrever
No texto a história é fictícia
Mas o que escrevo é o que anseio viver