20 de abril de 2012

Café frio (Você se foi)


Mais uma vez o café da outra xícara esfria
E de novo o vejo escorrendo vagarosamente pelo ralo da pia
Pela falta de costume, pois não era eu que apagava
De novo a luz do quarto permaneceu acesa

Ainda olho pra traz quando desço as escadas
Esperando ver a correria do atraso de todas as manhãs
Agora, ao invés de minhas reclamações da hora já avançada
Um silencio se faz ouvir tão profundo quanto um abismo

Já não puxo mais o pino da porta do carona
E nem digo que o cinto de segurança está ali pra ser usado
Já não viro à esquerda para o primeiro destino matinal
E só me resta ir à direita para a agora triste rotina diária

Não existe mais a espera do passar do dia
Pois não há mais motivos pra que ele termine
O sinal sonoro do fim do expediente decreta o retorno à dor
À solidão que me acompanha e me espera

A mesma escada sem ninguém ao topo
A mesma porta que agora sou eu quem destranca
A mesma sala outrora quente
Me espera fria, vazia, me gela a alma

Um lanche qualquer substitui o jantar antes divino
Mais um copo entre tantos que ali sujos estão ha dias
Um banho? Talvez. Pois o cansaço me assola
Tal qual a tristeza, me tira as forças

Deitado ha horas, espero o sono
Nem sei ao certo o horário em que ele veio
Amanhece e de novo um dia começa
E mais uma vez o café da outra xícara esfria


9 de abril de 2012

Eu te procuro


Em cada nascer do sol
A cada entardecer
No calor de um dia quente
No tremer das noites frias
Em um solitário voo de um pássaro
Ao ladrar noturno de uma matilha
No barulho do transito intenso
No silencio da madrugada
No prefácio de um best seller
Na sinopse de um drama
Na subida íngreme da montanha
Numa descida á frente de uma avalanche
No forte verde das florestas
No lindo azul do mar
Na complexa jogada do xadrez
No simples pular da amarelinha
Na curva de uma estrada de chão
Na reta do asfalto quente
No acender da luz da sala
No apagar da luz do quarto
No verso do poema lido
Na rima do poema escrito
Na introdução da canção de amor
No acorde final da nossa música
Eu te procuro


2 de abril de 2012

Nosso amor em quatro matérias – “Física”


Na tangência da curva da vida
Meu coração perdia-se em sua trajetória
A solidão pesava como a gravidade
Tornando-me cada vez mais inerte

Mas contrariando as probabilidades
A tristeza em repulsão á alegria se afastou
Sua presença materializada
Fez a coesão entre nossas vidas

Que força é essa que me faz feliz?
Que faz meu coração entrar em ebulição?
Que como uma difração se propaga?
E num impulso nos aproxima?

Nossas histórias fundidas em uma
Nossos olhares num só vetor
Nossas vidas numa velocidade ascendente
Nossos corações na aceleração do amor